PRIMEIRA EDIÇÃO DO “MEET THE EXPERTS " ASSINALA O DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA A MALÁRIA
- Wanderleia Iris Noa
- 8 de mai.
- 3 min de leitura

O Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM) realizou, na última terça feira (06), na Manhiça, a primeira edição da iniciativa “Meet The Experts – Edição Malária”, assinalando o Dia Mundial de Luta Contra a Malária, celebrado anualmente a 25 de Abril. A sessão marcou o arranque de um ciclo de encontros que visam estimular o interesse dos jovens pela investigação científica e reforçar o papel do CISM como referência nacional em formação e capacitação na área da pesquisa em saúde.
O evento, que decorreu de forma presencial, criou um espaço de diálogo semi-formal entre especialistas do CISM da área da malária e jovens estudantes e recém-graduados da Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane (FAMED-UEM) e do Instituto Superior de Ciências de Saúde (ISCISA). A iniciativa teve com foco na partilha de conhecimento científico, de experiências práticas e reflexões para o fomento da à inovação em saúde.
Num contexto em que a malária continua a representar uma das principais causas de morbimortalidade em Moçambique – que figura entre os países mais afectados – o evento destacou-se como um contributo para envolver e inspirar as novas gerações na luta contra a doença. Em 2023, a malária causou cerca de 263 milhões de casos e 597 mil mortes em 83 países.

A agenda do evento incluiu visitas guiadas às instalações do CISM, concretamente laboratórios, e duas sessões temáticas. A primeira sessão sobre “Vacinas, Quimioprevenção e o Futuro da Prevenção da Malária”, foi conduzida pelo Dr. Pedro Aide, Investigador e Responsável da Área da Malária do CISM. O especialista abordou o progresso no desenvolvimento de vacinas, incluindo a participação activa do CISM durante quase 20 anos, no desenvolvimento clínico da RTS,S/AS01 — a primeira vacina do mundo contra um parasita, já recomendada pela Organização Mundial da Saúde – bem como estratégias de controlo vectorial e prevenção ajustadas aos contextos epidemiológicos.
A segunda sessão, “Caminhos para a Eliminação da Malária: Ciência, Política e Inovação, foi apresentada pelo Dr. Francisco Saúte, Investigador e Director-Geral do CISM. A exposição centrou-se em temas relacionados com a vigilância baseada em dados, uso da genómica, e resistência aos fármacos e estratégias de eliminação em contextos sub-nacionais e nacional. O director destacou ainda a distinção entre eliminação (quando se trata de uma zona específica) e erradicação (nível global), e explicou os conceitos de vigilância activa (a busca activa de casos da doença na comunidade) e a passiva (detecção de casos quando os pacientes procuram atendimento em unidades sanitárias).
Os estudantes participantes partilharam a experiência com entusiasmo. Diana Rosa Orlando Uqueio, recém-graduada da FAMED-UEM, elogiou as instalações laboratoriais do CISM e afirmou: “Foi muito interessante ouvir de perto sobre o avanço das vacinas e o os planos para eliminação da malária no país. Pretendo explorar mais esta área num futuro próximo”.
Ângela Armindo Chivambo também da FAMED-UEM, destacou o impacto inspirador dos investigadores do CISM: “Foi uma colheita de muito aprendizado. Entender e ver de perto o que é feito na área da Malária, principalmente temas relacionados com as vacinas, me despertou interesse pela área. Não posso deixar de lado o histórico académico e profissional dos especialistas jovens e os mais séniores do CISM que me inspirou bastante”.
Sebastião Julião Mapsanganhe, estudante finalista do Curso de Licenciatura em Saúde Pública do ISCISA ressalvou ter sido uma grande honra a oportunidade de interagir com conceituados investigadores como os Drs. Pedro Aide e Francisco Saúte e toda equipa de jovens investigadores que os acompanhou durante a visita às instalações. “São personalidades que eu apenas conhecia através dos meios de comunicação, por isso foi uma experiência marcante,” afirmou. O estudante ressaltou ainda o impacto do trabalho desenvolvido pelo CISM, sobretudo na área da malária, evidenciado pelos resultados alcançados no Distrito de Magude, onde se registou uma redução significativa no número de casos. Acrescentou, por fim, que o CISM oferece uma valiosa oportunidade de crescimento profissional para estudantes recém-graduados do país.
“O meu trabalho de fim de curso centra-se na relação existente entre a incidência da malária e o tipo de habitação no bairro das Mahotas, na periferia da cidade. Portanto, já tenho um interesse particular em estudar a malária, partilhou Sebastião. “Espero, um dia, poder integrar o CISM, para aprender, contribuir e crescer cada vez mais na área de investigação sobre a malária.” Para concluir, destacou uma das lições que leva da experiência. “Se quisermos erradicar a malária, é fundamental apostar numa vigilância activa e individual rigorosa, pois é ela que nos permite identificar até os mais focos mais discretos ainda existentes da doença”, concluiu.

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