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A PNEUMONIA CONTINUA SENDO UMA DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTES EM CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS


Crianças menores de cinco anos são o grupo mais vulnerável à doença.
Crianças menores de cinco anos são o grupo mais vulnerável à doença.

No âmbito das celebrações do Dia Mundial da Pneumonia, o Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM) promoveu um webinar que reuniu investigadores e profissionais de saúde para discutir os avanços e desafios no combate à doença, considerada uma das principais causas de mortalidade infantil em Moçambique e no mundo. Apesar dos progressos alcançados com a introdução de vacinas eficazes, a pneumonia continua a ceifar vidas de milhares de crianças menores de cinco anos, especialmente em países em desenvolvimento.


O evento, moderado pela pesquisadora da Área de Saúde Materna, Tacilta Nhampossa, constituiu uma oportunidade de partilha científica e reflexão sobre a situação da pneumonia no país. Na ocasião, o coordenador da Área das Doenças Bacterianas virais e Tropicais Negligenciadas (DBVTN), Sérgio Massora, apresentou dados epidemiológicos da pneumonia em Moçambique e o impacto das vacinas contra as bactérias Haemophilus influenzae tipo B e o Streptococcus pneumoniae principais agentes causadores de pneumonia.


Massora explicou que as pesquisas conduzidas pelo CISM demonstram uma redução significativa dos casos graves de pneumonia após a introdução dessas vacinas no Programa Alargado de Vacinação (PAV). No entanto, alertou que a resistência bacteriana e as lacunas na cobertura vacinal permanecem como desafios importantes. Reforçou ainda a necessidade de fortalecer a capacidade laboratorial para diagnóstico e vigilância, sublinhando que “as vacinas salvaram muitas vidas, mas ainda temos muito a fazer para garantir que todas as crianças sejam protegidas”.


Por sua vez, investigador sénior do CISM na área das DBVTN, Inácio Mandomando, apresentou alguns resultados do estudo CHAMPS (Child Health and Mortality Prevention Surveillance), uma iniciativa global que visa identificar as causas reais de morte em recém-nascidos e crianças menores de cinco anos através de técnicas de colheita de amostras minimamente invasivas. A iniciativa é implementada em nove países, incluindo Moçambique, tem como objectivo fortalecer a compreensão científica das causas de mortalidade infantil em contextos com recursos limitados, contribuindo para o desenho de políticas e intervenções mais eficazes.


Mandomando explicou que o CHAMPS opera em estreita colaboração com unidades de saúde distritais, onde as equipas são notificadas sobre óbitos infantis e procedem à recolha de amostras biológicas no prazo de 24 a 36 horas após o falecimento. As amostras são posteriormente analisadas em diferentes níveis laboratoriais, desde testes básicos até análises moleculares avançadas, permitindo identificar mais de 120 patógenos.

Oradores e moderadora da sessão
Oradores e moderadora da sessão

Os resultados do estudo mostraram que a pneumonia permanece entre as principais causas de mortalidade em crianças de 1 a 59 meses, ao lado de condições como asfixia perinatal e infecções neonatais. Entre os patógenos mais frequentemente associados aos casos fatais destacam-se o Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae. Mandomando ressaltou que, apesar da disponibilidade de vacinas contra esses agentes, ainda persistem desafios relacionados à cobertura vacinal, à conservação das vacinas e à resposta imunológica individual.


Ainda segundo Mandomando, a pneumonia tem múltiplas causas, e a ausência de vacinas para outros agentes, como o vírus sincicial respiratório (VSR) e a bactéria Klebsiella, contribui para o cenário actual marcado pelas altas taxas de mortalidade pela doença, mesmo com campanhas de imunização em curso. O investigador explicou que muitos casos fatais ocorrem devido à falhas na cadeia de diagnóstico e tratamento, incluindo situações em que crianças com HIV não são testadas antes do óbito.


Mandomando enfatizou a necessidade de uma abordagem integrada para o controlo das pneumonias, combinando vacinação, diagnóstico precoce, tratamento adequado e fortalecimento contínuo dos serviços de saúde. Informou que, em alguns distritos, como Quelimane na província da Zambézia, onde o CHAMPS é implementado, já decorrem formações dirigidas a profissionais de saúde, com foco na identificação e encaminhamento oportuno de casos.


Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2017, a pneumonia foi responsável pela morte de 808 000 crianças menores de 5 anos de idade, representando aproximadamente 15% de todos os óbitos nessa faixa etária. Assim, o dia 12 de Novembro visa promover discussões mundiais sobre a pneumonia, sendo que para este ano, as discussões decorrem sob o lema Sobrevivência Infantil, destacando o impacto letal da doença entre as crianças.

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