CISM E PARCEIROS REFORÇAM ESTRATÉGIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA GENÓMICA DA MALÁRIA

Reunião entre os parceiros

O Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM), o Programa Nacional de Controlo da Malária (PNCM) e Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) reuniram-se recentemente para discutir os avanços, desafios e prioridades no âmbito da vigilância genómica da malária em Moçambique.

A reunião teve como foco principal reforçar a importância de integrar a vigilância genómica à vigilância epidemiológica nacional, assegurando uma resposta mais precisa e oportuna na gestão e controlo da doença.

Genómica como ferramenta para a tomada de decisões

Durante o encontro, o CISM destacou a importância da utilização de dados genómicos como instrumento de apoio para a tomada de decisões programáticas. Um exemplo discutido foi o relato de um caso recente de malária com mutação K13 – associada à resistência aos antimaláricos derivados de artemisinina, principal tratamento da malária não complicada – registado num país vizinho. A suspeita de que este caso possa ter sido importado de Moçambique sublinha a urgência em fortalecer a vigilância genética no país, mesmo que tal mutação ainda não tenha sido reportada a nível nacional.

O PNCM enfatizou a importância da vigilância genómica para apoiar a investigação de surtos – como o recentemente registado em Maputo – e propôs a expansão desta capacidade para outras províncias em caso de necessidade. Também foi sublinhada a necessidade de melhorar a integração dos dados no Sistema de Informação Integrado da Malária (SIIM), com maior ênfase na visualização dos casos de malária importada na área de baixa transmissão, através de mapas, tabelas e gráficos interactivos.

Para enfrentar o desafio de morosidade na obtenção de resultados genómicos, foi sugerida a recolha de dados epidemiológicos detalhados, incluindo histórico de viagens, permitindo uma resposta preliminar mais rápida, posteriormente complementada pelos dados genómicos.

Foi acordado que o ponto focal do PNCM deverá se integrado nas actividades diárias de modelagem do projecto GenMoz, para permitir uma melhor compreensão, alinhamento e integração das abordagens adoptadas. Além disso, o curso de modelagem de incidência será aberto a toda a equipa, não apenas ao ponto focal, e será dada prioridade à formação avançada (mestrado ou doutoramento) como estratégia de consolidação de competências nesta área.

Destacou-se ainda a importância de coordenar os esforços com outros parceiros, como a CHAI, UCSF e a Universidade da Cidade do Cabo, com o objectivo de evitar duplicações e gerar sinergias para a revisão do plano estratégico nacional, prevista até ao final do ano.

Inovação na vigilância de vectores e capacitação técnica

No que toca à vigilância dos vectores, foi identificada a genómica com uma área de interesse, com foco no desenvolvimento de um painel de sequenciação de nova geração baseado em amplicons, a ser implementado em Moçambique nos próximos dois anos.

Foram também delineadas estratégias de capacitação técnica, incluindo workshops de genómica translacional e um curso básico de epidemiologia genómica. O primeiro workshop de modelagem de incidência foi considerado positivo, embora tenha evidenciado lacunas de conhecimento entre os participantes. Para colmatá-las, serão oferecidos cursos complementares, como escrita científica e vigilância genómica, em formatos híbridos (presencial e online).

Este esforço conjunto reforça o compromisso do CISM e dos seus parceiros com o fortalecimento da vigilância genómica como ferramenta essencial para a eliminação da malária em Moçambique, contribuindo para uma resposta mais rápida, informada e eficaz aos desafios emergentes na luta contra a doença.