MEDIDAS CONTRA A COVID-19 DEVEM SER CIENTÍFICAS
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MEDIDAS CONTRA A COVID-19 DEVEM SER CIENTÍFICAS


Numa entrevista concedida ao semanário SAVANA (de 03/12/21), um dos jornais de maior circulação do país, a Investigadora do CISM, Dra. Esperança Sevene, alertou que, embora a variante Ómicron seja considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como sendo de preocupação, nenhum país devia decretar medidas com “excesso de zelo”, como por exemplo, restrições de viagens entre países. Isto porque segundo a investigadora, esse excesso pode gerar impactos negativos graves sobre a economia sem o efeito desejado de travão de disseminação da nova estirpe, quando estas medidas não estão comprovadas cientificamente.


A estirpe Ómicron surge numa altura em que há fortes alertas acerca da iminência de uma quarta vaga de infecções em Moçambique que, segundo especialistas, pode ser mais agressiva do que a terceira. Entretanto, a Dra. Esperança explicou que, é necessário que se evite o pânico e que se paute por assegurar a disciplina no cumprimento de medidas preventivas e na vacinação. Mas também, fundamentou que, neste momento, ainda não existe uma evidência científica que comprove que esta estirpe causa doença grave. Ademais, acrescentou, que a Ómicron faz parte do processo de passagem da fase de pandemia para endemia.


Segundo a investigadora, “a experiência que temos com outras variantes em Moçambique é que quando se detecta uma nova variante, constata-se que esta já estava em circulação, por exemplo, quando foi detectada a variante Beta (reportada pela primeira vez na África do Sul), foram testadas amostras e constatou-se que a mesma já estava a circular no país antes de ser notada pelos profissionais de saúde”. Para ela, “isto indica que esta variante pode já estar em circulação no país. Contudo, não temos visto um aumento no número de casos, de hospitalizações ou de óbitos por COVID-19 nestas semanas”, acrescentou.


Sevene, explicou ainda que a nova variante deve ser levada a sério, porque apresenta múltiplas mutações, “algumas das quais com potencialidades de afectar a resposta aos testes e às vacinas”, apesar de que este potencial é apenas teórico, pois, em relação às testagens, apenas ficou “afectado um parâmetro, que é a falha do gene S, mas os outros dois parâmetros continuam a ser detectados, sendo que, a falta deste parâmetro ajuda na suspeita de infecção pela nova variante, que deve ser confirmada.


Na sua explanação, comentou ainda que há indícios de que a variante Ómicron tenha uma maior transmissibilidade. “Pensa-se que esteja a ser responsável pelo aumento de casos na África do Sul, mas ainda não se sabe sobre a implicação em termos de gravidade da doença e risco de morte, portanto não há evidência científica que sustente a teoria de que a estirpe possa causar doença grave”, assinalou a pesquisadora.


Perante este cenário, a investigadora insistiu na importância da vacinação, visando atingir o maior número de pessoas imunizadas, principalmente entre os profissionais de saúde, isto porque segundo ela, “quanto mais pessoas completamente vacinadas tivermos, menor será o risco de sobrecarga do sistema de saúde resultante de complicações da COVID-19”. E acrescentou que dada a baixa disponibilidade de vacinas, é importante vacinar o máximo número de pessoas com doses actualmente recomendadas, porém, “temos notado um certo cansaço na adopção das medidas de prevenção, apesar do esforço que se fez de se propagar as mensagens a todos os níveis. Os ciclos têm mostrado que não devemos ficar cansados”, alertou a investigadora.


Na ocasião, a Dra. Esperança, manifestou preocupação com as constantes aglomerações que se tem verificado e com o aproximar da quadra festiva, porque de acordo com a investigadora “é sabido que a aglomeração de pessoas, particularmente em locais fechados, aumenta o risco de transmissão. Este risco é ainda maior nas festas e convívios, pois não se implementam as medidas de prevenção”.


Sob a possível eminencia de uma quarta vaga, a investigadora defendeu que disciplina no cumprimento das medidas e a adesão à vacinação são elementos-chave, que poderão indicar o tipo de quarta vaga que o país poderá enfrentar.


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