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MUDANÇAS CLIMÁTICAS E QUALIDADE DO AR: PESQUISAS QUE IMPACTAM A SAÚDE AMBIENTAL

As pesquisas abordam a qualidade do ar, a mobilidade e a saúde pública e os efeitos das mudanças climáticas no país.
As pesquisas abordam a qualidade do ar, a mobilidade e a saúde pública e os efeitos das mudanças climáticas no país.

A Unidade de Estudos de População do Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM), está a conduzir um conjunto de projectos cujos resultados poderão ter impacto directo na Saúde Pública em Moçambique. Entre elas destacam-se o BLAZE, TRANS-WELL e CLIMAH que abordam respectivamente a qualidade do ar, a mobilidade e a saúde pública e os efeitos das mudanças climáticas no país. Estes projectos fazem parte de uma iniciativa colaborativa que envolve parceiros nacionais e internacionais, incluindo o Instituto Nacional de Meteorologia, o Departamento de Física e a Escola Superior de Desenvolvimento Rural da Universidade Eduardo Mondlane, entre outros.


Financiado pelo Energy Policy Institute at the University of Chicago (EPIC), o projecto BLAZE visa criar um ecossistema nacional de dados abertos sobre a qualidade do ar, com ênfase no material particulado fino (PM2.5). Para o efeito, serão instalados monitores de referência e sensores de baixo custo em áreas urbanas e rurais da província de Maputo. Os dados recolhidos serão partilhados gratuitamente de forma aberta e em tempo real, permitindo apoiar a revisão de políticas e normas nacionais, reforçar a fiscalização ambiental e incentivar mudanças comportamentais que reduzam a exposição da população a poluentes nocivos.


O projecto (BLAZE), a ser implementado entre 2025 e 2026 na cidade e província de Maputo, pretende expandir significativamente a disponibilidade de dados sobre poluição do ar em Moçambique por meio de um sistema de monitorização extensivo em áreas urbanas e rurais. “No final, esperamos que os decisores políticos e o público em geral se tornem mais conscientes da importância do ar limpo para a proteção da saúde, advogando pela adopção de padrões nacionais de qualidade do ar baseados em evidências científicas e apoiando a sua aplicação efectiva”, comenta Hermínio Cossa, Investigador do CISM e líder dos projectos em Moçambique.


Por outro lado, o projecto TRANS-WELL, financiado pela Volkswagen Stiftung, aborda a intersecção entre mobilidade humana, crises complexas, saúde pública e sistemas de saúde. O foco será o contexto de Cabo Delgado, explorando como o sistema de saúde local pode adaptar-se a situações de deslocação populacional e múltiplas crises, promovendo um verdadeiro Ecossistema de Bem-Estar que assegure a equidade, resiliência e justiça social na prestação de cuidados.


De acordo com Hermínio Cossa, “O projecto TRANS-WELL será implementado em Moçambique, na República Dominicana e na Tailândia entre 2025 e 2029, em contextos de crise marcados por dificuldades económicas, violência, conflitos armados e mudanças climáticas que impulsionam fluxos migratórios. O objectivo é avaliar a interação entre Migração e Saúde, desenvolvendo uma ferramenta prática de planejamento para os Sistemas de Saúde que priorize a justiça social e o desenvolvimento sustentável.”

Herminio Cosssa, Investigador do CISM, junto com técnicos do INAM e Docentes da UEM, que visitaram o Centro.
Herminio Cosssa, Investigador do CISM, junto com técnicos do INAM e Docentes da UEM, que visitaram o Centro.

Paralelamente, a área de estudos de população está a levar a cabo o projecto denominado CliMaH, financiado pela Swiss National Science Foundation (SNSF), e igualmente liderado por Cossa. Esta iniciativa integra tecnologias digitais, dados de satélite e métodos epidemiológicos avançados para investigar como as alterações climáticas e a urbanização afectam a saúde materna e infantil. A investigação permitirá identificar padrões de risco e propor intervenções adaptativas, alinhadas com a Estratégia Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas e com o Plano Nacional de Saúde.


No âmbito do projeto CliMaH, que será implementado entre 2025 e 2028, “pretendemos integrar dados de satélite e climáticos com um estudo de campo baseado em métodos mistos para: (i) compreender melhor como o movimento populacional a longo prazo, as tendências de urbanização, as mudanças na produtividade agrícola e as dinâmicas demográficas se relacionam com as mudanças climáticas em Moçambique, (ii) analisar e prever de que forma essas tendências impactam a saúde materna e infantil; e (iii) desenvolver um "roteiro" para a avaliação de impacto das mudanças climáticas, recorrendo a um conjunto abrangente de ferramentas metodológicas (como a Avaliação de Impacto na Saúde e os dados de satélite) e processos participativos (como o envolvimento transdisciplinar de diferentes partes interessadas), de modo a criar um modelo aplicável a outros contextos e horizontes temporais”, acrescenta.


Num contexto em que os efeitos das mudanças climáticas se intensificam – com secas severas, cheias recorrentes e deslocamentos populacionais frequentes, sobretudo em Moçambique – estas pesquisas assumem particular relevância. Ao integrar ciência, inovação tecnológica e envolvimento comunitário, o projecto não se limita a produzir dados e evidências, pretende oferecer caminhos práticos para adaptar o sistema de saúde e orientar políticas públicas frente aos novos desafios ambientais. Trata-se de um passo essencial para garantir que o país esteja melhor preparado para proteger a saúde das populações mais vulneráveis e promover um futuro mais resiliente, justo e sustentável.

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