A ADMINISTRAÇÃO MASSIVA DE MEDICAMENTOS É UMA ARMA CONTRA A MALÁRIA
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A ADMINISTRAÇÃO MASSIVA DE MEDICAMENTOS É UMA ARMA CONTRA A MALÁRIA

Atualizado: 28 de jun. de 2021



Um estudo molecular conduzido no âmbito do Programa MALTEM mostra que com a administração massiva de diidroartemisinina-piperaquina não houve surgimento de resistências aos antimaláricos usados no contexto de eliminação da malária

Foi demonstrado que a Administração Massiva de Medicamento (Mass Drug Administration, MDA) reduz rapidamente a prevalência e a incidência da malária a curto prazo. Esta é a conclusão alcançada pela Aliança Moçambicana para a Eliminação da Malária (MALTEM), implementada conjuntamente pelo Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM) e pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), com o apoio da Fundação "la Caixa" e da Fundação Bill & Melinda Gates e em estreita colaboração com as autoridades do Distrito de Magude e o Programa Nacional de Controlo da Malária do Ministério da Saúde de Moçambique.

Durante a implementação do programa, a equipa de investigação do MALTEM preocupou-se também com a possibilidade do MDA poder contribuir para a resistência aos antimaláricos. Para responder a essa questão, a equipe utilizou ferramentas moleculares para caracterizar os genes dos parasita relacionados com a resistência os antimaláricos usados, diidroartemisinina- epiperaquina (DHAp).

Os resultados deste estudo publicado na PLoS One, mostraram não haver diferenças na proporção desses marcadores de resistência antimalárica antes e depois do MDA. Os resultados, sugerem que, em locais com ausência ou baixos níveis de resistência à artemisinina e piperaquina, duas rondas mensais de MDA com DHAp durante dois anos consecutivos não parecem aumentar a frequência de marcadores moleculares de resistência antimalárica na população geral do parasita P. falciparum.

Este estudo prova que o DHAp é uma ferramenta segura e eficaz na redução do fardo da malária e pode ser útil para futuros MDAs, seguindo as recomendações da OMS para a implementação de MDA. No entanto, “habilitar bons sistemas de vigilância molecular deve ser um pré-requisito para o uso da distribuição de antimaláricos em toda a comunidade visando a interrupção da transmissão da malária”, explica Alfredo Mayor, último autor do estudo e pesquisador do CISM em Moçambique e do ISGlobal na Espanha.

Para Francisco Saúte, Director do projeto e Director científico do CISM, é imprescindível que se fortaleçam as ferramentas de análise molecular no país para conduzir a vigilância da resistência aos antimaláricos.

Os resultados mostram que não houve surgimento de resistência aos medicamentos após a implementação de quatro rondas de MDA com níveis de cobertura moderados. Portanto, não há evidências de que a implementação efectiva de MDA com uma terapia combinada à base de artemisinina em zonas de transmissão moderada a baixa levará à resistência ao medicamento e, portanto, apoie o uso de DHAp como medicamento para futuros MDAs em áreas sem marcadores detectáveis de resistência no início da intervenção. No entanto, há uma necessidade urgente de fortalecer as capacidades moleculares em Moçambique para conduzir a vigilância da resistência aos antimaláricos, não apenas no contexto da administração massiva de medicamento, mas também em outras intervenções baseadas no uso de antimaláricos. A integração de dados moleculares em actividades de vigilância de rotina tem o potencial de aumentar uma inteligência acionável para tomar decisões programáticas sobre a combinação ideal de medidas de controle e eliminação da malaria em Moçambique.

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