CISM E EMBAIXADA DA ESPANHA CELEBRAM MULHER NA CIÊNCIA
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CISM E EMBAIXADA DA ESPANHA CELEBRAM MULHER NA CIÊNCIA



Apesar do aumento de movimentos de conscientização e dos esforços dos governos para o engajamento das mulheres e raparigas na ciência, elas continuam a ser excluídas da participação plena na ciência, o que constitui um desafio para o desenvolvimento inclusivo e para o alcance dos acordos assumidos internacionalmente por diferentes países, tais como a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.


Em reconhecimento aos esforços de várias organizações relevantes que apoiam e promovem o acesso das mulheres e raparigas à educação, formação e actividade de investigação científica, tecnológica, de engenharia e matemática, a Assembleia-Geral das Nações Unidas adotou em 2015, a resolução A/70/474/Add.2, declarando o dia 11 de Fevereiro como o Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência.


Para celebrar esta data, o Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM) e a Embaixada do Reino da Espanha em Moçambique, organizaram na terça-feira (08/02), um evento cujo principal propósito era promover a interação entre raparigas de escolas secundárias e institutos superiores sediados na Manhiça, com mulheres que no seu dia à dia contribuem para a realização de pesquisa no CISM. Para além delas, o evento contou entre outros com a presença do Presidente da Fundação Manhiça, Dr. Leonardo Simão, do Embaixador da Espanha, Dr. Alberto Cerezo e do Director Geral, Dr. Francisco Saúte.


Para dar início ao evento, o Presidente da Fundação, manifestou a sua satisfação pela realização deste evento, destacando o apoio o apoio do Reino da Espanha, desde a criação do CISM (há 26 anos). Na oportunidade, reconheceu o caminho e dificuldade que as mulheres no geral enfrentam para que elas se tornem cientistas. Segundo ele, “as vezes as dificuldades começam em casa porque na maioria das vezes, as nossas famílias investem mais nos homens, porque geralmente, não entendem porque é que uma menina tem que estudar muito. Felizmente, está realidade está a mudar e o papel da mulher vai evidenciando-se não apenas como mãe, mas também, como um actor activo na sociedade, com a sua inteligência e conhecimento para ajudar a encontrar soluções para os problemas do país. Daí a necessidade de que esta rapariga também deve ter o acesso à escola que é o caminho para a obtenção destas capacidades”.


O Embaixador da Espanha por sua vez, afirmou que a investigação joga um papel fundamental no desenvolvimento de um país e nem sempre recebe as atenções dos parceiros de cooperação, e confirmou o compromisso de Espanha em continuar a apoiar a pesquisa e concretamente ao CISM, que representa uma história de sucesso, de colaboração única entre dois países, no âmbito da investigação. “No mundo, apenas 30% dos cientistas são mulheres, o que significa que a ciência é ainda um mundo de homens. É necessário mudarmos esse cenário, e isso passa por vocês acreditarem que também podem ser cientistas, e tem a vantagem de por serem mulheres, pensam e abordam os problemas de forma diferente, ou seja, vocês tem muito a dizer e importância para a ciência”, acrescentou o embaixador.



Áuria de Jesus, médica do CISM, na área de Doenças Bacterianas, Virais e Outras Tropicais Negligenciadas falou da sua paixão, experiência e desafios no exercício da medicina no distrito da Manhiça e do papel que a pesquisa joga para a melhoria do manuseamento de pacientes, através da busca contínua de estratégias mais eficazes.


Por outro lado, Aura Hunguana, Gestora de Dados e Dércia Chelenje Técnica de Infraestrutura de Redes, únicas mulheres nos seus departamentos (Centro de Dados e IT respectivamente), falaram do facto de terem que responder a vários processos e ao mesmo tempo terem que demonstrar que elas também são capazes de gerir dados ou responder aos desafios ligados à infraestruturas de redes, num ambiente dinâmico e cheio de pressão que caracteriza o CISM. “Muitos colegas provavelmente não acreditavam que por ser mulher, não teria a capacidade de estar a responder aos desafios impostos pela gestão de redes, estar a correr de um lado para o outro, subir mesas ou mesmo, entrar abaixo delas para poder ver ligações”, contou a Dércia.


Mara Máquina, Gestora de Entomologia falou das oportunidades de formação e crescimento profissional que se beneficiou estando no CISM, bem como, do seu curso de licenciatura (veterinária) que foi determinante para a sua inserção num laboratório de entomologia e poder actualmente geri-lo, salientando que “no meu entender é mais difícil trabalhar com animais do que com pessoas, pois os animais não falam, são como bebés, temos que imaginar o que sentem, e aqui nós procuramos conhecer e descrever o vector da malária, para poder avaliar a eficácia dos métodos de prevenção contra a malária usados pelo Programa Nacional de Controlo da Malária para o controlo vectorial (inseticidas, pulverização, etc.), o que per se constitui um desafio”.


Por sua vez, Helena Boene, Coordenadora de Estudos na Área de Estudos de População revelou às meninas ali presentes que, “durante os meus estudos, eu estava em melhores condições de ingressar a uma bolsa de estudo, entretanto, devido ao facto de ser mulher, os meus pais preferiram que o meu irmão fosse quem deveria beneficiar-se desta oportunidade, sem, no entanto, cumprir com os requisitos, e consequentemente, os dois perdemos a oportunidade”. Helena falou também, sobre a importância do envolvimento das comunidades na pesquisa e o papel que ela junto com outras colegas desempenham para o sucesso das pesquisas levadas a cabo no Centro.


Foram várias as questões e curiosidades levantadas pelas jovens estudantes em torno à ciência e ao envolvimento das mulheres cientista ao longo de uma manhã de animada conversa guiada por Eva Trindade, apresentadora do Programa da TVM, “Nós Mulheres”. Para além da conversa, as meninas puderam também visitar às instalações do Centro com o qual ficaram impressionadas por verem uma equipa heterogénea com mulheres desempenhando diversas funções que jamais teriam imaginado serem levadas a cabo por elas, o que lhes aumentou a convicção de que a formação é importante, e que as mulheres podem e devem sonhar com o seu próprio futuro.


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