“CONSIDERAMOS A CULTURA COMO PARTE DO DESENVOLVIMENTO: O COOPERANTE DEVE RESPEITAR A CULTURA"
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“CONSIDERAMOS A CULTURA COMO PARTE DO DESENVOLVIMENTO: O COOPERANTE DEVE RESPEITAR A CULTURA"

Atualizado: 12 de set. de 2023


Comemorado anualmente, desde 2006, o dia 8 de Setembro, Dia do Cooperante, é a data em que os espanhóis prestam homenagem a homens e mulheres que decidiram trabalhar para os menos afortunados do mundo, momento também usado pelo governo espanhol para exortar por melhores condições de trabalho, maior segurança no emprego e um regime especial de segurança social para estas pessoas que trabalham em áreas de risco extremo, e longe do seu país de origem. A data foi escolhida pelo governo espanhol, em conjunto com a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), devido à assinatura da Declaração do Milénio das Nações Unidas, que teve lugar no mesmo dia no ano 2000. O primeiro Fórum Espanhol de Cooperação foi realizado em Madrid, Capital espanhola, em 2021, como parte das comemorações do Dia do Cooperante naquele ano.


O Governo da Espanha é um parceiro incontornável de Moçambique, desde 1980, e em particular do Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM), criado em 1996, resultado das relações bilaterais estabelecidas entre o governo espanhol e o governo moçambicano.


Para marcar essa data comemorada pelo nosso parceiro, entrevistamos o Embaixador da Espanha em Moçambique, Sua Exa. Alberto Cerezo, diplomata, de 56 anos de idade, dos quais 20 dedicados ao trabalho de cooperação em outros países. Aberto Cerezo é licenciado em Direito pela Universidade San Pablo CEU, em Madrid e possui outra licenciatura em Ciências Políticas (especialização em Estudos Internacionais) pela Universidade Complutense. Embaixador há sensivelmente três anos em Moçambique, Cerezo está nos últimos meses da sua missão no solo moçambicano e conta-nos a sua vasta experiência como cooperante espanhol.


1. Dia do Cooperante, o que esta data significa para si como embaixador e cidadão espanhol?


O cooperante hoje em dia é um profissional da área de cooperação e desenvolvimento em diferentes áreas de especialização como a saúde, governação e energia, por exemplo, e que ao mesmo tem a vocação de ajudar a outros países. Neste caso particular, estamos a partilhar a nossa experiência com Moçambique. Portanto, ser cooperante significa uma mistura de um profissional que sabe muito bem o que faz e que estudou para realizar certas tarefas, mas com a consciência humanitária.


Há mais de 20 anos, o Cooperante era um cidadão que só queria ajudar, e por vezes a vontade de fazer as coisas sem conhecimento poderia ter efeito negativo. Então, foi feito um grande esforço para profissionalizar os cooperantes no sentido de que estes sejam especialistas nas suas áreas e tenham noção sobre qual é o seu trabalho e dotá-los de uma consciência social para ajudar um determinado país.


2. Nesses três anos de mandato o que a Embaixada tem feito para reconhecer o papel dos cooperantes espanhóis?


Comemoramos o dia de cooperante há mais de 20 anos, e como embaixada sempre fazemos um evento cultural.


Falando de Moçambique em particular temos muitas Organizações não Governamentais (ONGs) que estão a operar e muitos cooperantes da Agência Espanhola de Cooperação, e de Agências Regionais como da Catalunha e Andaluzia, assim como temos fundações como a Fundação Manhiça, onde temos médicos espanhóis a trabalharem há mais de 20 anos e que não eram consideraríamos cooperantes. Mas a ideia actual do cooperante, no sentido mais amplo, pode incluir os médicos porque estão a fazer investigação e também estão a trabalhar no hospital, contribuindo na assistência sanitária do país.


Fazemos uma vez ao ano uma reunião entre os cooperantes em Maputo e a maioria dos que participam são os de Maputo, apesar de que fazemos o convite para todos que estão no país. Na verdade, é só um evento do reconhecimento dos seus trabalhos. No entanto, durante o ano apoiamos as ONGs espanholas. Por exemplo, quando cheguei a Moçambique visitei muitos dos projectos levados a cabo pelas ONGs espanholas, tinha o plano de visitar 1 a 2 por mês, queria ter visto todos, mas não pude. Quando viajo a uma província, tento incluir no programa da visita um projecto de cooperação. Assim, eles têm a oportunidade de explicar o que estão a fazer e nós como embaixada damos visibilidade ao projecto nas redes socias e em comunicados específicos, porque acho importante publicitar o trabalho do cooperante sem ter que esperar apenas o dia 08 de Setembro.


3. Mencionou médicos cooperantes que estão a trabalhar em pesquisas no Centro de Investigação em Saúde de Manhiça, o tem o a dizer sobre o centro?


Espanha chegou a Moçambique para trabalhar em saúde, tendo em conta os primeiros acordos assinamos em 1980 quando a Espanha abriu a embaixada em Moçambique. Ao CISM eu diria que é o ícone da nossa cooperação em saúde em Moçambique. Temos outros projectos em Saúde, mas para mim, este é o mais importante. Há mais de 20 anos que estamos a trabalhar neste centro de investigação, por isso, digo sempre que não podíamos entender a cooperação espanhola em Moçambique sem o CISM, porque acho que a fórmula teve muito sucesso por ser uma forma diferente de fazer cooperação.


Quando falamos de cooperação normalmente falamos de formação de médicos, de estradas e não falamos de investigação. O Dr. Pedro Alonso que foi um dos fundadores, junto com o Dr. Pascoal Mocumbi, acompanhados do Dr. Leonardo Simão sempre falavam do círculo vicioso da Pobreza-Enfermidade, quanto mais pobre um país, mais enfermidade e quanto mais enfermidades tem, mais pobre fica. Então era preciso cortar esse círculo e a investigação é fundamental neste processo.


A ideia era criar um centro em Moçambique para investigar doenças. Começamos com a malária que é uma das enfermidades que mais afecta em África, sobretudo as crianças, mas agora já estamos a investigar outras áreas.


Penso que a presença da Espanha na Manhiça irá continuar nos próximos anos. O apoio da Espanha não pode ser apenas com fundos para o funcionamento do CISM, mas deve funcionar também como uma plataforma de troca de experiência entre os dois países em que investigadores espanhóis têm a oportunidade de vir a Moçambique aprender, e vise e versa.


Vejo agora muitos especialista na Espanha em Medicina Tropical e Saúde Global que passaram pela Manhiça. Lembro que quando houve o COVID-19, o Director do Instituto Nacional de Emergência em Saúde na Espanha era uma pessoa que passou por Manhiça. São muitos os que passaram por lá. Para eles, o CISM é uma experiência pessoal muito importante. Tenho amigos que passaram por Manhiça, mas agora estão em outras profissões, mas lembram-se sempre da sua estadia na Manhiça.


4. Qual acha que é a grande diferença entre a Cooperação espanhola e de outros parceiros internacionais?


A diferença entre a cooperação espanhola e de outros países doadores é a diversidade de actores. Para além da AECID, a Catalunha e a Andaluzia temos também a Fundação Mulheres por África que trabalha coma FDC e a Fundação Manhiça que recebe apoio da Espanha. Temos também a cooperação com Conselhos Municipais da Espanha. Por exemplo, o Conselho Municipal de Barcelona tem uma ligação com o Conselho Municipal de Maputo há 15 anos. Temos a Fundação da Galiza de Cooperação que é um fundo formado pelo Conselho Municipal da Galiza composto por fundos de municípios pequenos que não têm capacidade de implementar projectos em Moçambique, mas dão o dinheiro ao Galiza e esta, por sua vez, implementa os projectos. Então, essa diversidade de actores faz com que tenhamos uma relação próxima com os governos municipais e locais.

Outro exemplo é que nos próximos meses iremos organizar o Comité Bilateral Cabo Delgado e Espanha para analisar o acontecido na Cooperação Espanhola em Cabo Delgado no último ano e ver perspectivas futuras.


5. Quantos cooperantes espanhóis tem Moçambique?


Como disse, hoje em dia é difícil determinar quem é cooperante ou não. Agora incluímos como cooperante não só aquelas pessoas que estão a trabalhar em projectos da Cooperação Espanhola ou com ONGs espanholas, mas também incluímos espanhóis que estão a trabalhar em instituições não espanholas de cooperação. Mas calculamos cerca de 200 espanhóis, incluindo também os religiosos. 200 pessoas parecem poucas porque Moçambique é grande. No passado, uma boa parte de cooperantes espanhóis estavam em Cabo Delgado, mas agora o cenário mudou porque maior parte deles estão em Inhambane. E por causa dessa grande presença, criamos um novo Consulado em Inhambane. Já tínhamos dois, um em Pemba, Cabo Delgado, e outro na Cidade da Beira, em Sofala, o de Inhambane será o terceiro. Fazemos isso porque achamos que Inhambane tem uma presença muito grande de espanhóis, não só do ponto de vista de cooperação, mas também do ponto de vista turístico.


6. 40 anos de cooperação entre Moçambique e Espanha, quais foram os avanços de destaque entre as duas nações?


Quarenta anos em que a Espanha demonstrou um firme compromisso com Moçambique e com o seu povo através da AECID, com um dos programas de cooperação mais importantes da África Subsariana; da nossa Guarda Civil, que forma no país há quase duas décadas, depois dos acordos de paz de Roma; as nossas ONGs, que têm projectos de cooperação em quase todo o país, e especialmente em Cabo Delgado, apesar das dificuldades recentes; o Centro de Investigação em Saúde de Manhiça, um modelo de cooperação científica entre um país europeu e um país africano; e as nossas empresas, cujo trabalho é reconhecido e apreciado em todo o país pela criação de empregos e pela formação que proporcionam em diferentes sectores.


7. Antes da missão actual, já tinha estado em Moçambique com outras missões, em que esteve a trabalhar?


No período 2009 - 2012 vim a Moçambique pela primeira vez, e trabalhei para embaixada da Espanha, onde desempenei a função de Chefe Adjunto da Missão e voltei como Encarregado de Negócios também na Embaixada, entre Setembro e Novembro de 2019. Depois retornei pela terceira vez em Outubro de 2020 para abraçar esse desafio de ser Embaixador da Espanha em Moçambique, missão que está a findar.


8. Qual é o maior desafio no trabalho do dia a dia do embaixador?


Coordenar uma grande equipa que existe na embaixada e que inclui a equipa da cooperação espanhola. São mais de 40 pessoas e temos um escritório comercial na Joanesburgo, África do Sul, e outro em Lisboa. O mais difícil é essa coordenação e temos muitas linhas de trabalho, inclusive no sector privado das empresas espanhola que operam em Moçambique. E para além disso, temos assuntos consulares, onde ajudamos os espanhóis a obter vistos. Temos também as relações políticas e cultural na qual somos umas das embaixadas mais activas no âmbito cultural, embora não tenhamos um centro cultural, mas temos um orçamento considerável para actividades culturais por considerarmos a cultura como parte do desenvolvimento e como cooperantes devemos respeitar e engrandecer a cultura do país. Então, não fazemos só a promoção da cultural espanhola, mas apoiamos as industrias criativas em Moçambique e fazemos muita troca de experiência entre artistas moçambicanos e espanhóis com a ideia de desenvolver o sector cultural em Moçambique. Portanto, são muitas linhas diferentes em que estamos a trabalhar, mas todas elas têm que ter uma visão única.


Neste sentido, o meu trabalho principal é um desafio pois tenho que coordenar e dar unidade a todas essas acções e todas essas linhas de trabalho que temos que garantir que sejam coerentes e coesas entre elas.


9. Pode nos dizer um momento difícil que viveu em Moçambique como embaixador?


Penso que foi durante a COVID-19, no final de 2021, quando a variante ómicron foi detectada e diziam ter origem na África do Sul. Os governos Europeus decidiram cancelar os voos da África Austral para Europa. Foi no final de Novembro e foi mito difícil porque haviam muitas famílias europeias e espanholas que já tinham bilhetes comprados para viajar pela primeira vez em 2 anos porque não puderam viajar desde 2020. Eram famílias com crianças que iriam passar o Natal na Espanha ou regressar a Moçambique, mas foram cancelados todos os voos. Tivemos cidadãos espanhóis residentes que reclamavam a embaixada que já tinham passagem e que queriam viajar e touristas que tinha que voltar para a Espanha.


Nesta senda, transmiti essa informação a Madrid, pois as pessoas não sabiam quando a situação seria normalizada, e os cidadãos estavam a pressionar a embaixada principalmente os que já haviam feito o plano de passar o Natal com a família e de repente não seria possível viajar. Eles estavam ansiosos e irritados com a situação que se vivia em toda a África Austral. Posto isso, conseguimos enviar um avião de Espanha para Moçambique e fizemos uma repatriação de 100 espanhóis, incluído suas famílias e 30 outros Europeus que aproveitaram a rota para ir aos seus países.


Lembro que foram dias intensos, fizemos uma equipa de crises na embaixada para receber chamadas dos cidadãos de todo o país. Posso afirmar que foi a semana mais complicada que tive aqui e no final ficaram felizes porque conseguiram voltar.


10. E um momento bom, pode partilhar?


É muito fácil escolher o momento bom porque são muitos, tanto do lado profissional como do lado pessoal. Por exemplo, eu gostava muito de ir ao parquinho perto de casa com as crianças e era a melhor parte do dia para eles, foram muitas tardes agradáveis naquele lugar e ficávamos cerca de uma hora meia a brincar.


Sob ponto de vista profissional acho que foi também o episódio do cancelamento dos voos durante a COVID-19, especificamente quando conseguimos o avião. Lembro quando estávamos no aeroporto todos agradeceram e percebi que, muitas vezes, nós fazemos um trabalho e não temos a dimensão do impacto, mas nesse caso particular vimos o impacto directo quando os cidadãos espanhóis se emocionaram e agradeceram imenso. Para mim, foi um dos melhores momentos porque o cidadão reconheceu que podemos ajudar e que pode contar com a embaixada. Quando a embaixada consegue ajudar um cidadão espanhol ou moçambicano para mim são os melhores momentos.


11. Fim do mandato como embaixador em Moçambique, qual foi a maior conquista profissional que obteve durante a sua missão?


O momento mais importante da equipa da embaixada nessa relação bilateral foi a assinatura da nova Estratégia de Cooperação Espanha-Moçambique que é fruto de negociação e não uma imposição. Para tal falamos com o governo moçambicano até ao nível mais técnico para perceber quais são as suas necessidades. Foi um processo de 2 anos de reuniões de negociação que ao final termina com a assinatura do acordo bilateral novo que marca as linhas de cooperação entre os dois países nos próximos anos. Este acordo foi assinado há dois anos pelo Vice-Ministro de Negócios Estrangeiro de Moçambique e a Secretária do Estado que é a Vice-Ministra de Cooperação da Espanha. E no princípio deste ano recebemos a visita dela, assim como o Vice-Ministro Moçambicano já tinha estado na Espanha. Digo que é a conquista mais importante porque vamos continuar a trabalhar com Moçambique na cooperação e desenvolvimento e temos um compromisso financeiro de quase 50 milhões de euros para implementar projectos em Moçambique nos próximos anos de actuação da AECID, assim como das agendas regionais.


12. Como Diplomata qual é o grande aprendizado que leva para Espanha?


Levo comigo duas grandes lições. Primeiro aprendi que não podemos intervir nas decisões do país, temos que ouvir, olhar e informar, ao mesmo tempo que temos que respeitar o povo e a cultura de um país que por vezes é muito diferente da nossa. E a segunda lição é conhecer o país e os diferentes lugares. Pois, é difícil informar se não conhecemos o país. É preciso visitar as províncias e os povoados. Quando falamos de cooperação temos que saber que existem lugares que não estão tão perto da cidade, estão no campo.


Recordo-me que quando fui a Manhiça, por exemplo, percebi que é um Distrito grande, que iria além da vila. Fizemos esforço para ir até aos locais mais longínquos e partilhar um tempo com as pessoas dessas áreas rurais.


13. Durantes a sua estadia deu para conhecer país?


Moçambique é um país enorme e muito diferente sob ponto de vista cultural. Mesmo os meus conterrâneos que estão aqui há mais de 20 anos não afirmam que conhecem o país. Passei por várias províncias e comunidades. A única província que infelizmente não pude visitar foi Zambézia, nem por trabalho nem por turismo.


14. Algum lugar específico que lhe tenha marcado em Moçambique e que recomendaria?


Moçambique é uma pérola turística. Eu gostei muito de praia do Tofo, em Inhambane, e Pemba, em Cabo Delgado, recomendo para férias. Para visita, recomendo o Parque Nacional de Gorongosa e o Lago Niassa, são lugares que valem a pena estar.


15. Já esteve em outros países para além de Moçambique, por onde passou?


Sou diplomata há mais de 20 anos. Já estive na Embaixadas de Espanha nos Camarões (2003 - 2006) onde desempenhei as funções de Chefe Adjunto da Missão. Estive também no Paraguai (2006 – 2009) como Chefe dos Assuntos Consulares, e na China, como Conselheiro (2017).


Em 2014, fui o primeiro diplomata espanhol acreditado junto das autoridades birmanesas, como Encarregado de Negócios, com residência em Yangon (Myanmar), abrindo a primeira representação diplomática espanhola naquele país.


Fui ainda Chefe de Serviço na Subdireção-Geral para o Norte de África (2002) e Porta-voz Consultivo no Departamento de Assuntos Internacionais do Gabinete do Presidente do Governo, responsável pelos assuntos do Norte de África (2012 - 2014). E em 2017 fui nomeado Director-Geral Adjunto para as Relações Bilaterais com os países da África Subsariana.


16. Como tem sido essa experiência de viver tanto tempo longe da sua terra natal?


Gostei de todos os países onde vivi, aprendi coisas e conheci pessoas. Tenho amigos em quase todo o mundo, inclusive a minha esposa conheci no Paraguai. O único país que eu voltei foi Moçambique. Daí o porque das pessoas dizerem que eu gostei mais de Moçambique. Mas eu voltei porque havia uma oportunidade e falei com a minha esposa, enfatizado que Moçambique era um país no qual eu gostaria de voltar.


Nesta última missão eu já tinha família, uma esposa e dois filhos pequenos, mas eu já tinha noção que Moçambique é um bom país para estar com a família. Fiquei 2 anos nas terras moçambicanas com a minha família. Neste momento eles já não estão em Moçambique, mas fomos muitos felizes aqui e as crianças amaram o país, tanto que eles sempre perguntam como estão as coisas por cá. A propósito, o meu filho mais novo, de três anos, tem o português como a primeira língua.


17. Uma curiosidade. O que queria ser quando criança, sempre sonhou em ser diplomata?


Queria ser veterinário porque gostava muito de animais e gosto até hoje. E rapidamente mudei e comecei a estudar direito e vejo que é minha vocação. Gosto muito do trabalho que faço de conhecer países e ajudar as relações bilaterais entre diferentes países, cidades e cidadãos.


18. Que conselho deixa para jovens cooperantes ou que tencionam ser cooperantes um dia?


Primeiro tem que ter vocação. Para mim, como embaixador, é muito fácil estar em Moçambique. Estou em Maputo, na Capital, em uma residência da embaixada. Porém, há cooperantes que estão no campo a trabalhar com a comunidade em casas que não têm corrente eléctrica, por isso, é importante ter vocação para ajudar para que as dificuldades sejam superadas. É importante também ser bom profissional e conhecer o seu trabalho, pois, não se trata de ajuda, mas ajuda de forma profissional. Adicionalmente é importante conhecer a língua do país onde está, mesmo as línguas locais faladas no campo. Eu particularmente conheço cooperantes espanhóis que falam muito bem changana, língua local da zona sul de Moçambique, pois viram que é difícil estar num país sem conhecer a língua.

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