TESTADOS NÃO REVELAM SEU ESTADO DE SEROPREVALÊNCIA PRÉVIO (HIV/SIDA)�
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TESTADOS NÃO REVELAM SEU ESTADO DE SEROPREVALÊNCIA PRÉVIO (HIV/SIDA)


Imagem da Internet
A não divulgação do estado seropositivo leva ao desperdício de recursos dos testes

A não divulgação do estado seropositivo em pessoas que vivem com HIV, e que são submetidas a testes de HIV, leva ao desperdício de recursos dos testes e à distorção das estimativas dos indicadores de HIV. Em Moçambique, estima-se que um terço das pessoas que se submetem ao diagnóstico de HIV e são testadas positivo já conheciam o seu estado seropositivo e estavam registadas nas bases de dados dos hospitais.

Laura de la Fuente Soro, pesquisadora

Um estudo liderado pela pesquisadora do CISM e do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), Laura de la Fuente Soro, revela alguns dos factores que levam com que grande parte das pessoas vivendo com HIV não revelem o seu seroestado positivo perante aos profissionais de saúde, nas unidades sanitárias. O estudo transversal que contou com participação de outros investigadores do CISM e seus parceiros, incluindo a Fundação Ariel e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), foi implementado no distrito de Manhiça,

de Janeiro a julho de 2019 e seus resultados foram publicados na revista BMC.

Experiências de maus-tratos ou mau atendimento, são algumas das razões

A equipa do estudo, descobriu que, 16,1% dos participantes que testaram positivo durante as campanhas de aconselhamento e diagnóstico, já sabiam o seu estado seropositivo, mas não o revelaram ao profissional de saúde. Surpreendentemente, todos os participantes relataram como uma das razões para a não revelação do seu seroestado experiências de maus-tratos ou mau atendimento previas por parte dos profissionais de saúde. O desejo de saber se estavam curados (33,3%) ou de retomar os cuidados (23,5%), também foram os principais motivos para a não divulgação ou informe do seu estado aos prestadores de saúde.


Ainda de acordo com os resultados do estudo, 83,9% dos participantes relataram ter revelado o seu estado de HIV na sua comunidade próxima, 48,1% relataram ter sido vítimas de discriminação verbal ou física após o seu diagnóstico de HIV e 46,7% relataram que o seu estado de HIV afectava as suas actividades diárias.


“No estudo, comparamos os dados daqueles pacientes que foram diagnosticados com HIV, com a base de dados do hospital para identificar aqueles individuos que já tinham testado positivo anteriormente e que actualmente estavam inscritos em cuidados de saúde, ou incluso a tomar tratamento antirretroviral. E com base nos resultados da comparação, entrevistamos por primeira vez até agora a esses pacientes de modo a explorar as barreiras, padrões de divulgação comunitária/familiar, estigma e discriminação”, comenta Laura de la Fuente-Soro, primeira autora do artigo.


Em geral, o estudo concluiu que o mau atendimento anterior por parte dos profissionais de saúde foram a principal barreira à revelação do estado seropositivo. A elevada proporção de pessoas que revelam o seu estado de HIV à sua comunidade, mas não aos profissionais de saúde, sugere um grande desafio para o sistema de saúde já que as relações entre o paciente e o prestador de cuidados afectam fortemente ao seguimento das pessoas vivendo com HIV, em vez do estigma social e da discriminação. Deste modo, a equipa do estudo, sugere que deve ser melhorada a relação entre pacientes e prestadores de cuidados de saúde, o que poderia aumentar a confiança nos profissionais de saúde, reduzir a não divulgação e ajudar a optimizar recursos e fornecer estimativas precisas do primeiro objectivo 95 da ONUSIDA.

Tacilta Nhampossa, Pesquisadora
É preciso confrontar os novos dados com os dados já existentes

“Este estudo é de extrema relevância sobretudo num contexto em que se discutem questões como a discriminação, bem como, os actuais índices de HIV no país. Pois, se por um lado temos altas taxas de novas contaminações, é preciso confrontar com os dados já existentes, que por vezes, podemos considerar dados já colhidos” comenta Tacilta Nhampossa, uma das autoras artigo CISM.


Referencia:

Fuente-Soro, L., Figueroa-Romero, A., Fernández-Luis, S., Augusto, O., López-Varela, E., Bernardo, E., Saura-Lázaro, A., Vaz, P., Wei, S. C., Kerndt, P. R., Nhampossa, T., & Naniche, D. (2023). Reasons for non-disclosure of HIV-Positive status to healthcare providers: a mixed methods study in Mozambique. BMC health services research, 23(1), 925. https://doi.org/10.1186/s12913-023-09865-y

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