CISM ASSINALA DIA DA MALÁRIA NA SADC COM EVENTO CIENTÍFICO NO ISCTEM
- Wanderleia Iris Noa
- há 7 dias
- 3 min de leitura

Alusivo ao Dia da Malária na SADC, celebrado a 06 de Novembro, investigadores do Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM), Instituto Nacional de Saúde (INS), Programa Nacional de Controlo da Malária (PNCM) e Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), reuniram-se no Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique (ISCTEM), num evento científico em formato híbrido que juntou mais de 250 participantes, dentre profissionais de saúde, docentes e estudantes das ciências da saúde. O encontro integrou também uma exposição dedicada à prevenção, diagnóstico e tratamento da doença.
Sob o lema “Do Gene à Decisão: fortalecendo a Estratégia de Eliminação da Malária na Região”, o encontro destacou o uso de dados genómicos como ferramenta de apoio à tomada de decisões programáticas no controlo e eliminação da malária, usando dados do Projecto GenMoz (Vigilância Genómica da Malária em Moçambique).
Durante o evento, foram partilhados dados recentes sobre a vigilância genómica e epidemiológica da malária em Moçambique e na região da SADC, seguidos de debates interactivos sobre os avanços científicos, desafios e prioridades de investigação.

O INS, representado por Crizolgo Salvador, apresentou resultados que demonstram que os principais indicadores de controlo da malária continuam abaixo das metas estabelecidas pelo Plano Estratégico da Malária (PEM). A prevalência média da doença nas três províncias avaliadas é de 4,3%, sendo 7,1% em Gaza, 1,7% na Província de Maputo e 1,2% na Cidade de Maputo. O baixo nível de conhecimento sobre a malária entre mulheres em idade reprodutiva e a reduzida testagem de crianças com febre foram apontados como desafios para as acções de comunicação e mudança de comportamento.

Por sua vez, Bernadete Rafael, do PNCM, apresentou resultados encorajadores, destacando que não foram observados sinais de alarme quanto aos marcadores de resistência à artemisinina e piperaquina. Apesar da elevada resistência à sulfadoxina-pirimetamina (SP), o uso de três ou mais doses de tratamento intermitente preventivo (TIP) em gestantes continua a mostrar benefícios para as mães e recém-nascidos. “A vigilância pré-natal tem revelado forte conectividade genética entre casos de Maputo e Inhambane, evidenciando a utilidade dos dados genómicos para a monitoria da resistência, avaliação da eficácia das intervenções e rastreio de casos importados”, referiu.

Glória Matambisso, investigadora do CISM, sublinhou que a vigilância da malária nas consultas pré-natais de primeira visita (CPN1) reflete a situação da transmissão da doença na comunidade, permitindo analisar tendências temporais e espaciais, avaliar a diversidade genética e compreender a carga da malária na gravidez, com atenção especial à segurança do tratamento no primeiro trimestre.

No âmbito da transmissão vetorial, Dulcisária Jotamo, do PNCM, referiu que Moçambique dispõe de laboratórios e insectários em seis províncias, realizando vigilância entomológica e análises moleculares para orientar as estratégias de controlo. No entanto, apontou desafios como a limitação de recursos humanos qualificados, financiamento insuficiente, mudanças no comportamento dos vectores e a ameaça de novas espécies invasoras, como Anopheles stephensi.
Representando o ISGlobal e o projecto GenE8, Andrés Aranda-Díaz sublinhou que uma das principais ameaças à eliminação da malária na região da SADC é a resistência aos medicamentos, diagnósticos e vacinas, bem como a mobilidade populacional e os surtos. O projecto GenE8 visa fortalecer a capacidade genómica dos oito países da Iniciativa Eliminação 8 (E8) — Angola, Botsuana, Essuatíni, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Zâmbia e Zimbabué — com o objectivo de eliminar a malária até 2030 através de acções regionais coordenadas.
A iniciativa reforçou o compromisso em gerar evidências científicas baseadas em genómica que contribuam para fortalecer a investigação e promover estratégias eficazes de controlo e eliminação da malária em Moçambique e na África Austral.
O Dia da Malária na SADC foi criada com o objectivo de reforçar a consciencialização sobre a doença e mobilizar as comunidades para participarem activamente nos esforços de controlo e eliminação da malária na região.











