CISM CAPACITA TÉCNICOS ANGOLANOS EM MÉTODOS AVANÇADOS DE DIAGNÓSTICO MOLECULAR DA MALÁRIA
- Wanderleia Iris Noa
- há 7 dias
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No âmbito do estudo TES_Angola (Vigilância Molecular da Eficácia de Antimaláricos em Angola), o Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM), em colaboração com o Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), conduziu um treinamento técnico em Angola voltado à detecção e quantificação do Plasmodium falciparum, o parasita responsável pela malária.
A iniciativa envolveu cinco técnicos de laboratório do Programa Nacional de Controlo da Malária (PNCM) e do Instituto Nacional de Investigação em Saúde (INIS) de Angola, que receberam formação prática em técnicas moleculares de qPCR (reação em cadeia da polimerase quantitativa). O objectivo principal do treinamento foi reforçar a capacidade local na análise de amostras recolhidas no âmbito do estudo de eficácia terapêutica de 2023, visando avaliar a susceptibilidade genética dos parasitas e detectar precocemente possíveis resistências aos medicamentos falhas no tratamento e diagnóstico.
Durante a formação, foram analisadas algumas amostras de sangue seco em papel de filtro correspondentes a casos de falha clínica de tratamento previamente identificados por microscopia. As análises incluíram também controlos preparados pelo ISGlobal, processados simultaneamente às amostras angolanas, assegurando maior fiabilidade dos resultados.
O treinamento em qPCR representa a primeira de três visitas técnicas previstas no âmbito do projecto.
De acordo com Dário Tambisse, Técnico de Laboratório no CISM, e um dos formadores, a experiência foi muito gratificante e enriquecedor. “Apesar dos desafios inerentes às análises moleculares – que exigem tempo, dedicação e concentração – o grupo demonstrou grande empenho e conseguiu analisar mais de 100 amostras durante o treinamento”.
Tambisse salientou ainda que a continuidade e aplicação destas técnicas dependem de desafios estruturais, como o acesso a reagentes e consumíveis, muitas vezes dispendiosos e de fornecimento limitado, bem como da formação contínua e da existência de infraestruturas laboratoriais adequadas.
“Espero que técnicos de Angola possam aplicar o conhecimento adquirido para fortalecer o diagnóstico e apoiar o Ministério da Saúde nas decisões estratégicas de controlo da malária”, concluiu.
Para Kumbelembe Etelvina Meneses David Pedro, do Instituto Nacional de Investigação em Saúde (INIS), participante do treinamento, o CISM tem desempenhado um papel fundamental na vigilância molecular da malária, contribuindo para o fortalecimento das capacidades locais. “Foi óptimo aprender novas técnicas, como extração, purificação e quantificação de ácidos nucleicos. Vejo este treino como uma oportunidade de transferência de conhecimento e de avanço científico em Angola, em colaboração com parceiros internacionais.”
A investigadora destacou ainda que os principais desafios enfrentados no seu país incluem a necessidade de capacitação técnica contínua de profissionais, dificuldades na gestão e análise de dados moleculares, limitações logísticas e de acesso a reagentes, além de constrangimentos relacionados ao financiamento sustentável e à integração entre os dados moleculares e epidemiológicos.
Segundo Kumbelembe, o INIS tem desenvolvido trabalhos de vigilância molecular e epidemiológica em várias doenças, incluindo arboviroses, meningite, COVID-19, influenza e cólera, para além de realizar vigilância entomológica e da pólio, participando igualmente na elaboração da carta entomológica de Angola.







