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CISM LIDERA CAPACITAÇÃO INTENSIVA PARA IMPULSIONAR ESTUDOS TERAPÊUTICOS CONTRA A MALÁRIA


O Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM) promoveu uma formação intensiva voltada ao fortalecimento das competências de profissionais de saúde no combate à malária, que culminou no passado dia 25 de Abril, data em que se assinala o Dia Mundial de Luta contra a Doença. A iniciativa reforça o compromisso contínuo do CISM em capacitar profissionais de saúde para apoiar acções regionais e globais de prevenção, gestão e eliminação da doença – que continua a ser uma das principais causas de morbilidade e mortalidade nos países em desenvolvimento. O reforço da capacidade técnica é essencial para garantir diagnósticos rápidos e precisos, fundamentais para salvar vidas e orientar o tratamento adequado.


O workshop foi concebido para proporcionar aos participantes conhecimentos e competências práticas frente aos desafios actuais no controlo da malária, com foco nos Estudos de Eficácia Terapêutica (TES), resistência antimalárica e estratégias de quimioprevenção. A formação abordou também os mais recentes avanços em técnicas moleculares, genotipagem e sequenciamento de última geração, além de incluir módulos práticos em microscopia e métodos laboratoriais.


Maria Juniva Tshucana, estudante do Programa de Mestrado em Saúde Pública da Faculdade de Medicina, da Universidade Eduardo Mondlane, ressaltou a importância da formação para quem está a dar os seus primeiros passos na área da malária. “Foi uma oportunidade única. Compreendi melhor os conceitos básicos e a importância da pesquisa clínica no nosso contexto. Senti-me mais motivada a continuar a minha formação e a contribuir de forma mais qualificada para os projectos futuros”, afirmou.


Para Fernando Kuatoko, participante do Centro de Investigação em Saúde de Angola (CISA), a formação representou mais do que um momento de aprendizagem: “Foi uma oportunidade de adquirir novos conhecimentos e também de partilhar experiências. Este tipo de intercâmbio reforça os laços entre o CISM e o CISA – instituições que partilham o mesmo compromisso na luta contra a malária”, destacou.


Lídia Nhamussua, investigadora júnior e uma das coordenadoras dos Estudos de Eficácia Terapéutica (TES) no CISM, destacou o impacto directo da formação no seu trabalho. “Foi um contributo bastante enriquecedor. A troca de experiências e a integração de conhecimentos foram fundamentais para o fortalecimento das actividades que venho desempenhando”, partilhou.


Durante a formação, foram abordados os mais recentes avanços em técnicas moleculares, genotipagem e sequenciação de nova geração, assim como o desenvolvimento de competências em microscopia e métodos laboratoriais. Os participantes tiveram a oportunidade de aprofundar a sua compreensão sobre o estado actual e as tendências da resistência aos medicamentos antimaláricos em África, com especial enfoque na realidade moçambicana. O workshop também explorou o desenho e implementação dos TES, fundamentais para orientar decisões terapêuticas nos países endémicos.


Teresa Machai Macete, responsável da área de formação do CISM e gestora do Projecto TESA (The Trials of Excellence in Southern Africa) no centro, partilhou que a formação era destinada a colaboradores do CISM, membros da rede TESA e a profissionais de saúde de outras instituições, incluindo investigadores, clínicos, técnicos de laboratório e especialistas em saúde pública. “O curso foi ministrado por investigadores, médicos e  técnicos superiores de laboratório do CISM, reconhecidos pela vasta experiência na pesquisa em malária. A metodologia combinou entre componentes teóricas e práticas, com sessões laboratoriais, estudos de caso e exercícios de grupo – proporcionando uma experiência de aprendizagem dinâmica, aplicada à realidade dos programas de controlo da malária”, explicou.


Durante cinco dias de formação intensiva, os participantes aprofundaram conhecimentos em áreas-chave para o combate à malária. O conteúdo programático permitiu-lhes: Compreender o panorama actual da resistência aos antimaláricos e suas implicações no controlo da malária; Desenvolver protocolos eficazes para Estudos de Eficácia Terapêutica; Aplicar técnicas moleculares e abordagens de genotipagem no monitoramento da eficácia dos tratamentos; Avaliar estratégias de quimioprevenção como a Quimioprevenção Perene da Malária (PMC), Quimioprevenção Sazonal (SMC), Administração Massiva de Medicamentos (MDA) e Tratamento Preventivo Intermitente (IPT); Aperfeiçoar competências práticas em diagnóstico da malária por microscopia e métodos laboratoriais avançados; e Integrar os conhecimentos adquiridos em ambientes de colaboração e pesquisa aplicada.


Fernando Kuatuko do CISA, destacou ainda discussões sobre os marcadores moleculares de resistência, da Iniciativa Genómica de Moçambique (GenMoz) e das práticas laboratoriais associadas aos TES. “Os estudos de eficácia terapêutica têm influenciado decisões políticas em Moçambique. Gostaria de, futuramente, realizar a análise das nossas amostras de biologia molecular em colaboração com o CISM”, acrescentou.


Os participantes também discutiram os principais desafios enfrentados na condução de estudos terapêuticos. Maria Juniva apontou questões como a disseminação da resistência aos medicamentos, limitações de financiamento, dificuldades logísticas e a necessidade de capacitação contínua das equipas. Fernando e Lídia reforçaram preocupações relacionadas à falta de reagentes, questões éticas e orçamentais que comprometem a implementação rigorosa dos protocolos de pesquisa.


Lídia Nhamussua, do CISM, defendeu a criação de uma equipa nacional especializada em TES, com foco na preparação, execução e análise dos estudos, em parceria com o CISM. “Precisamos de uma estrutura coordenada que garanta sustentabilidade e gere impacto real dos TES no país”, afirmou.

A formação, além de reforçar o conhecimento técnico, consolidou uma rede de colaboração entre instituições africanas comprometidas com a eliminação da malária. Do ponto de vista institucional, Maria – estudante de mestrado na Universidade Eduardo Mondlane (UEM) – enalteceu o papel do CISM como referência em pesquisa de qualidade adaptada ao contexto local. “A capacidade do CISM em conduzir estudos rigorosos, adaptados ao nosso contexto, tem contribuído para tratamentos mais eficazes e decisões mais informadas em saúde pública, tanto em Moçambique como internacionalmente”, afirmou.


De acordo com um dos facilitadores do curso, Simone Boene, foram lecionadas todas as componentes recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o desenho, implementação e avaliação de estudos de eficácia terapêutica, com participação de equipas multidisciplinares. “Consideramos que os participantes saíram capacitados com todas as ferramentas necessárias para a realização de estudos de eficácia terapêutica. No entanto, garantir a toma dos medicamentos pelos participantes na hora e dose correcta pelos participantes durante os estudos continua a ser um dos principais desafios”, alertou.


Boene conclui com um apelo: "Espero que os participantes usem os conhecimentos adquiridos neste workshop no seu dia-a-dia e contribuam de forma activa para o combate à Malária - uma ameaça contínua para a saúde pública".


A rede TESA é uma iniciativa regional que colabora com 15 instituições, sendo 12 da África Austral e 3 instituições europeias, e é apoiada pela Parceria entre a Europa e os Países em Desenvolvimento para a Realização de Ensaios Clínicos (EDCTP).



1 comentário


Considero ter sido uma participação exitosa e com muito aprendizado. Iniciativas dessa natureza devem ser replicadas, um bem haja ao CISM pela organização e convite, e um agradecimento especial ao Centro de Investigação de Saúde em Angola (CISA), pela aposta nesse evento. 👏

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