CISM REFORÇA AS CAPACIDADES DE PESQUISADORES MOÇAMBICANOS EM GENÓMICA DA MALÁRIA

Arlindo Chidimatembue, jovem pesquisador do Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM), concluiu o mestrado em Investigação Clínica com especialização em Saúde Internacional, no Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), Espanha. A formação integrou-se nos esforços do Projecto GenMoz para impulsionar a pesquisa e o controlo da malária em Moçambique. Os estudos foram financiados através de uma bolsa concedida no âmbito da 3ª fase do Projecto Centros de Excelência na África Austral (Trials of Excellence in Southern Africa – TESA), apoiado pela Parceria entre a Europa e os Países em Desenvolvimento para a Realização de Ensaios Clínicos (EDCTP).

Actualmente, Chidimatembue integra a equipa do projecto Projecto de Vigilância Genómica da Malária (GENMOZ), onde trabalha na vigilância molecular da malária. O seu foco é a análise da diversidade genética dos parasitas Plasmodium falciparum em Moçambique, contribuindo para o fortalecendo da capacidade nacional em sequenciamento genómico e fornecendo dados cruciais para a definição de estratégias de combate à doença.

"Trabalhar no CISM é estar na linha da frente da pesquisa em saúde no país. É onde posso aplicar o conhecimento adquirido e contribuir para políticas públicas de combate à malária", afirma Arlindo. “A experiência no projecto GenMoz também tem reforçado a importância da colaboração científica e da capacitação local em novas tecnologias”, acrescenta.

Para Arlindo Chidimatembue, o mestrado recém-concluído representa uma etapa estratégica na sua carreira. A formação permitiu aprofundar os seus conhecimentos em pesquisa clínica, com foco em doenças infecciosas – especialmente a malária. “É fundamental uma base sólida de formação para gerar soluções baseadas em evidências, tanto para Moçambique como para outros países endémicos, destaca o investigador.

Sobre a sua experiência internacional, Arlindo relembra: “A jornada até Barcelona foi desafiante, exigindo um processo rigoroso de preparação, que incluiu a escolha do programa, organização de documentos, cartas de recomendação e a elaboração de uma carta de motivação convincente. Demonstrar um compromisso genuíno com a saúde global foi crucial para conquistar a vaga.” Durante o mestrado, o jovem cientista disse ter tido contacto com metodologias avançadas em pesquisa clínica, incluindo o desenho de ensaios clínicos e a análise de dados. "A experiência foi extremamente enriquecedora, tanto a nível académico quanto pessoal", relata, ressaltando o ambiente multicultural de Barcelona e a interação com especialistas de diversas partes do mundo.

Com o olhar postos no futuro, Arlindo pretende dar continuidade à sua carreira na investigação em saúde global, liderando estudos em epidemiologia da malária e de outras doenças infecciosas. Entre os seus planos está a realização de um doutoramento para aprofundar a aplicação da genómica na saúde pública. “Apesar dos avanços, os desafios persistem. A escassez de recursos para pesquisa e a necessidade de reforçar a capacidade local em genómica são entraves que o projecto GenMoz procura superar por meio de parcerias estratégicas e formação contínua das equipas envolvidas”, afirma.

Sobre a sua vivência em Espanha, Arlindo destaca a cultura das "tapas" – uma forma social de partilha de refeições – e a paixão dos espanhóis pelo futebol, especialmente evidente na cidade de Barcelona.

A trajetória de Arlindo Chidimatembue é exemplo do impacto positivo da formação internacional na construção de capacidades locais, reforçando o papel vital da ciência na promoção da saúde pública em Moçambique.