INVESTIR EM SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS SUSTENTÁVEIS É FUNDAMENTAL PARA FORTALECER A PESQUISA EM SAÚDE EM MOÇAMBIQUE
- Nercio Machele

- 29 de jul.
- 2 min de leitura

Moçambique enfrenta o desafio urgente de fortalecer a sua capacidade de pesquisa em saúde por meio de soluções tecnológicas sustentáveis, acessíveis e adaptadas ao contexto nacional. O apelo foi feito pelo Director-Geral do Instituto Nacional de Saúde (INS), Eduardo Samo Gudo, durante a sua intervenção no IV Simpósio em Saúde Global e I Fórum da Iniciativa contra a Tuberculose, organizado pela Fundação Manhiça.
Segundo Samo Gudo, é fundamental que o país aposte em tecnologias que não apenas respondam às suas necessidades locais, mas que também garantam autonomia e sustentabilidade em relação a soluções desenvolvidas no exterior. “Precisamos de desenvolver soluções tecnológicas de baixo custo e sustentáveis, que possam ser mantidas com recursos internos. Isso reduzirá a nossa forte dependência externa e permitirá construir um sistema de saúde mais resiliente e soberano”, frisou o dirigente.
A dependência tornou-se insustentável
O cenário actual é preocupante: mais de 90% dos insumos médicos utilizados pelo Sistema Nacional de Saúde (SNS) são importados, o que torna o país vulnerável às flutuações do mercado internacional e à diminuição do apoio financeiro dos parceiros de cooperação. “Esta dependência tornou-se insustentável, sobretudo num contexto em que os financiamentos externos enfrentam cortes sem precedentes. A ciência nacional precisa responder com soluções concretas, eficazes e duradouras”, acrescentou Samo Gudo.
Uma das estratégias apontadas pelo dirigente é a realização de estudos de custo-eficácia adaptados à realidade moçambicana, com o objectivo de identificar intervenções de alto impacto em saúde pública, viáveis economicamente. “É preciso que os cientistas moçambicanos assumam o compromisso de estudar o que realmente funciona no nosso contexto. Só assim garantiremos soluções acessíveis, e sustentáveis e eficazes a longo prazo”, defendeu.
O Director-Geral do INS também destacou a importância de se criar uma indústria farmacêutica nacional robusta, que vá além da saúde pública e contribua para o desenvolvimento económico. “Se conseguirmos produzir medicamentos, reagentes e outros insumos no país, reduziremos custos com importações, criaremos empregos, aumentaremos a arrecadação fiscal e impulsionaremos o crescimento do Produto Interno Bruto”, afirmou.
Apesar dos desafios, Samo Gudo reconheceu os avanços registados nos últimos anos no campo da pesquisa em saúde em Moçambique. O país conta hoje com um número crescente de instituições de pesquisa, públicas e privadas, bem como com um corpo científico em expansão, formado por investigadores qualificados e comprometidos com o desenvolvimento nacional.
Temos um parque tecnológico promissor,
“Temos hoje um parque tecnológico promissor, com plataformas de investigação em áreas como vacinas, imunologia, biologia molecular, genómica, entre outras. Isso demonstra que estamos no caminho certo, mas é preciso garantir o uso estratégico desses recursos para gerar soluções concretas para os problemas do nosso povo”, concluiu.
Por fim, o dirigente lembrou que Moçambique é particularmente vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas, o que impõe desafios adicionais sobre o sistema de saúde. “Os eventos climáticos extremos tornaram-se mais frequentes e devastadores. Precisamos de um sistema de saúde resiliente – e isso só será possível com ciência, inovação e um compromisso firme com o desenvolvimento sustentável”, frisou.
O Simpósio, teve lugar no dia no dia 22 de Julho e contou com mais de 100 participantes presenciais e diversos outros em formato virtual, entre estudantes, especialistas nacionais e internacionais, parceiros institucionais, doadores e representantes governamentais.
Artigo adaptado da notícia original do Jornal Notícias de 28/07/2025









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