PROJECTO BLAZE EXPÕE SOLUÇÕES DE MONITORIA DA QUALIDADE DO AR NA MANHIÇA
- Nercio Machele
- há 1 dia
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O projecto BLAZE realizou recentemente, no distrito da Manhiça, uma exposição dedicada às tecnologias de monitorização da qualidade do ar em Moçambique. A iniciativa, implementada pelo Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM) com financiamento do Energy Policy Institute da Universidade de Chicago, destacou o potencial da ciência e da inovação tecnológica para fortalecer a saúde pública e empoderar as comunidades locais.
O evento decorreu no âmbito das celebrações do Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento, organizado a 10 de novembro corrente pelo CISM em coordenação com o governo do distrito. Durante a actividade, foram apresentados diferentes equipamentos e sistemas utilizados no projecto para a medição da qualidade do ar – desde instrumentos de referência, como o BAM 1022 e o TEOM 1400a, até sensores de baixo custo como o AirQo e o Clarity Node. Estes dispositivos são capazes de medir parâmetros como PM2.5, PM10, temperatura e pressão atmosférica, contribuindo para a leitura mais completa do ambiente respirado diariamente pela população.
Segundo o Principal Investigador do Projecto no CISM, Herminio Cossa, esta iniciativa representa um grande avanço para o distrito: “Com o BLAZE, passamos a ter um acesso inédito a dados em tempo real sobre o ar que respiramos. Ao monitorizar localmente a qualidade do ar, deixamos de depender de estimativas gerais e passamos a contar com evidências concretas sobre a exposição a poeiras e fumos no nosso distrito, permitindo correlacionar os níveis de poluição com doenças respiratórias e apoiar decisões mais informadas em saúde pública.”
A exposição atraiu interesse de representantes do governo, profissionais de saúde, líderes comunitários e alunos das secundárias que demonstraram curiosidade sobre a aplicação da tecnologia em desafios do quotidiano. Para Hermínio, o entusiasmo dos visitantes confirma que a ciência, quando se torna tangível, transforma-se numa ferramenta poderosa de consciencialização e educação.
Entre as demonstrações, destacou-se uma estação de monitorização de baixo custo que utiliza microcontroladores para medir em tempo real a concentração de partículas finas, temperatura, humidade e pressão atmosférica. Através de uma interface visual dinâmica, o público pôde observar como a qualidade do ar se altera imediatamente na presença de fumaça ou outras fontes de poluição, tornando “visível o invisível”. Estão já planeadas melhorias nesta solução, que incluem desenvolver uma versão mais autónoma, alimentada por painéis solares e com transmissão remota de dados em tempo real, para permitir a recolha contínua e criação de uma base histórica de informação ambiental.
Segundo o investigador do CISM, o objectivo é que os dados recolhidos possam servir de base para estudos de impacto na saúde, iniciativas de mitigação da poluição e apoio directo à tomada de decisão política. Para além da apresentação tecnológica, o evento reforçou também boas práticas para a protecção ambiental que podem ser adoptadas com baixo ou nenhum custo, como evitar a queima de lixo, cozinhar em espaços ventilados, reduzir poeiras e usar máscaras adequadas em ambientes de elevada exposição.
A ser implementado entre 2025 e 2026, o projecto (BLAZE) pretende expandir significativamente a disponibilidade de dados sobre poluição atmosférica em Moçambique, por meio de um sistema de monitorização em áreas urbanas e rurais da cidade e província de Maputo. No final, espera-se que decisores políticos e público em geral estejam mais conscientes da importância do ar limpo na proteção da saúde e contribuam para a adopção de padrões nacionais de qualidade do ar baseados em evidências científicas e para a sua aplicação efectiva.