SEMINÁRIO DEBATE O PAPEL DO MOSQUITO NO CONTEXTO ONE HEALTH
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SEMINÁRIO DEBATE O PAPEL DO MOSQUITO NO CONTEXTO ONE HEALTH


Participaram do evento estudantes e pesquisadores da área de saúde

O seminário alusivo ao Dia Mundial do Mosquito realizado sob o lema o Papel do Mosquito no Contexto One Health decorreu no passado 21 de Agosto, na Faculdade de Veterinária da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo. O evento híbrido, organizado pelo Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM) e a Faculdade de Veterinária (FAVET) em parceria com o Instituto Nacional de Saúde e o Programa Nacional de Controlo da Malária (PNCM), juntou estudantes, investigadores, académicos e Organizações Não Governamentais para reflectir sobre a situação actual de Moçambique em relação ao controlo de vectores.


Na primeira sessão sobre a Malária e outras doenças transmitidas pelos mosquitos, o Director Científico do CISM, Dr. Pedro Aíde, dissertou sobre os estudos da malária em Moçambique, destacando a vigilância entomológica como estratégia chave para monitorar o impacto das intervenções de controlo do vector da malária (Anopheles) e, consequentemente, orientar o PNCM na tomada de decisões, bem como no ajuste das intervenções.


Segundo Pedro Aíde, nos estudos de vigilância entomológica realizados pelo CISM nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, que consistia na captura, criação e análise de mosquitos, concluiu-se que, no geral, a pulverização intra-domiciliária (PIDOM) permitiu a redução na população de vectores internos.

No mundo, há mais de 3500 especies diferentes de mosquitos

Ainda na mesma sessão a Docente da FAVET, Profa. Doutora Gaby Monteiro, falou do papel do mosquito nas doenças zoonóticas (doenças infecciosas transmitidas entre animais e pessoa), com ênfase a Febre do Vale do Rift, uma doença aguda e febril, considerada reemergente, que afeta o fígado e outros órgãos, sendo causada por um vírus transportado pelos mosquitos e que tem alto impacto nos animais domésticos. Em Moçambique, de acordo com a Docente, o primeiro surto dessa febre ocorreu em 1969, momento em que a doença foi identificada pela primeira vez em bovinos, nas províncias de Gaza e Inhambane. E nos dias de hoje, ainda continua a circular de forma cíclica tanto em animais como em humanos, com maior registo nas províncias de Maputo e Gaza.

A forma de circulação do vírus que causa a Febre do vale do Rift não é clara

“A forma de circulação desse vírus não é clara. E estamos ainda limitados na pesquisa sobre a Febre do Vale do Rift, por isso, é importante ter uma vigilância epidemiológica mais activa, tendo em conta a interface homem, animal, fauna bravia e meio ambiente. É preciso também melhorar a capacidade de diagnóstico para a doença. Os médicos e os veterinários devem conhecer os sintomas para que possam incluir nos seus diagnósticos.”, disse Gaby Monteiro.

Foto de ocasião: oradores junto com os participantes.
75% das doenças infecciosas emergentes em humanos tem como fonte animais domésticos e selvagens

Sobre a abordagem One Health (Saúde Única), Dr. Ayubo Kampango, Pesquisador Sénior do INS, descreveu, na segunda sessão do evento, as doenças zoonóticas com maior impacto sanitário no mundo, nomeadamente a Malária, Dengue, Febre Amarela, Chikungunya, Encefalite Japonesa, Febre do Vale do Rift e Febre do Nilo. O pesquisador do INS, destacou que, no mundo, estima-se sejam registados anualmente 2,5 bilhões de casos de doenças zoonóticas e 2,7 milhões de mortes, portanto, “75% das doenças infecciosas emergentes em humanos tem como fonte animais domésticos e selvagens”, disse Ayubo Kampango.

One Health trata da integração entre a saúde humana, a saúde animal, o ambiente e a adoção de políticas públicas

A abordagem One Health trata da integração entre a saúde humana, a saúde animal, o ambiente e a adoção de políticas públicas efectivas para prevenção e controlo de enfermidades trabalhando nos níveis local, regional, nacional e global. O pesquisador do Instituto Nacional de Saúde acredita que as parcerias vão permitir maior vigilância e controlo integrado; eficiência e a efectividade das intervenções de controlo e prevenção da transmissão; redução do impacto de eventos climáticos extremos sobre as transmissões das doenças; oportunidade para a partilha de recursos, informação e pessoal capacitado; proteção da biodiversidade animal e vegetal; e redução das acções antropogénicas e preservação dos serviços ecossistémicos. Para Ayobe, os grandes desafios para a implementação da abordagem One Health são as alterações climáticas e ambientais, os conflitos e os desastres naturais.


Por outro lado, a ponto focal de entomologia no PNCM, Dulcesária Jotamo, Malária abordou na mesma sessão “o controlo de vectores em Moçambique”, onde explicou que um dos objectivos do controlo dos vectores é assegurar que pelo menos 85% da população-alvo beneficie de forma atempada de intervenções de controlo de vectores, indicando que uma das estratégias de controlo em Moçambique é a distribuição em massa de redes mosquiteiras tratadas com inseticidas, para alcançar a cobertura universal.


O Dia Mundial do Mosquito, foi estabelecido em 1897, ano em que o médico britânico Sir Ronald Ross, descobriu que os mosquitos Anopheles eram os responsáveis ​​pela transmissão do parasita da malária. Esta descoberta revolucionou os estudos da malária respeito a sua prevenção e tratamento.

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