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ANOPHELES STEPHENSI UM PERIGO À ESPREITA?


Foto da internet

Há 10 anos atrás, foi descoberto no continente africano, mais concretamente no Nordeste do continente, um novo tipo de vector da malária, o mosquito Anopheles Stephensi. Este mosquito, não é característico do continente, sendo comumente encontrado no Norte da Ásia e na Península Arábica. Pelo que se sabe, comentou Nelson Cuamba, um dos oradores no webinar realizado no âmbito do Dia Mundial do Mosquito, “este vector chegou ao continente por via de actividades humanas, através de barcos que importam e exportam produtos de África para outros continentes, e vice-versa, e suas características são semelhantes ao Anopheles Gambiae, o que constitui preocupação visto que os mesmos são vectores da malária.”


Ainda segundo o pesquisador, “a entrada deste novo vector ao continente africano, foi alertada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que recomendou aos estados-membros e seus parceiros a tomarem medidas imediatas, com vista a conduzir a vigilância ao An. Stephensi em áreas urbanas e peri-urbanas através da amostragem de seus estágios aquáticos, visto que se trata de um mosquito urbano e pode contribuir para o aumento de casos nessas zonas, como é o caso de algumas zonas da cidade de Maputo, que reúnem condições apropriadas (pneus descartados, lixo, etc.) para a proliferação desta espécie”.


“Este mosquito, evoluiu facilmente para se adaptar a muitas variedades de corpos d'água, e infelizmente possui uns antecedentes genéticos que lhe conferem resistência a múltiplas classes de inseticidas, tolerância a salinidade mesmo até 3,5 ppt de sal e é altamente susceptível ao Plasmodium falciparum (Pf) e Plasmodium vivax (Pv) e quando foi encontrado por exemplo em Djibuti (2012), anos depois foi responsável pelo ressurgimento de casos de malária por P. falciparum e pela transmissão autóctone de P. vivax o que não havia sido registado em Djibuti antes do aparecimento desse tipo de mosquito. Então, há um risco considerável haver um surgimento de muitas transmissões principalmente em países como os nossos que ainda lutam para optimizar as estratégias tradicionais de controlo da malária (pulverização intradomiciliaria, redes mosquiteiras etc.) e que evidentemente a chegada desse vector, poderá provocar novos desafios no controlo/eliminação da doença, como o surgimento da malária urbana com a qual não temos experiência de como lidar.”


E o que está sendo feito?

Nelson Cuamba, Investigador

“Em relação ao nosso país, ao nível do Programa Nacional do Controlo da Malária (PNCM), iniciamos um conjunto de acções como forma de prepararmo-nos ao possível surgimento do An. Stephensi. Estas acções envolvem a formação, emissão de alerta nacional, desenvolvimento de protocolo (que visa criar capacidade humana, estabelecer e validar um sistema de vigilância e um sistema de alerta oportuno) à luz da estrutura de gestão integrada e sistemas de resposta que podem combater simultaneamente os vectores dos géneros Aedes e Anopheles” concluiu o investigador.


O Webinar teve lugar a 19 de agosto do corrente ano e foi organizado pelo Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM) e o Programa Nacional de Controlo da Malária (PNCM), em parceria com o Instituto Nacional de Saúde (INS) e Abt Associates. E para além de Nelson Cuamba, o webinar contou com a participação das oradoras Mara Máquina (CISM), Ana Paula Abílio (INS) e Caroline Kiuru (CISM) sob moderação da Dulcisária Marrejo (PNCM).

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