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RELATÓRIO MUNDIAL DA TUBERCULOSE 2025 ALERTA SOBRE OS IMPACTOS DOS CORTES DE FINANCIAMENTO

Cortes no financiamento à tuberculose estão a impactar nos esforços de luta contra a doença!
Cortes no financiamento à tuberculose estão a impactar nos esforços de luta contra a doença!

A edição de 2025 do Relatório Mundial da Tuberculose, produzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), alerta que, embora tenham sido alcançados avanços em diagnóstico, tratamento e inovação, os recentes cortes no financiamento internacional – liderados pelo governo dos Estados Unidos – ameaçam reverter décadas de progressos, especialmente nos países mais vulneráveis, como Moçambique.


De acordo com o relatório, a taxa global de novos casos de tuberculose caiu cerca de 2% entre 2023 e 2024, enquanto o número de mortes diminui aproximadamente 3% no mesmo período. No entanto, a OMS alerta que a redução no apoio externo pode comprometer seriamente campanhas de detecção, prevenção e tratamento da doença. A agência recorda que o governo norte-americano era um dos maiores contribuintes na luta contra a TB, disponibilizando entre 200 e 250 milhões de dólares por ano através da United States Agency for International Development (USAID). Esses recursos financiavam diretamente programas nacionais de tuberculose e, paralelamente, contribuíam para o Fundo Global de Luta contra várias doenças, incluindo a tuberculose e a malária.


Os efeitos desses cortes já são visíveis em diversos países: laboratórios reportam dificuldades no transporte de amostras e falta de insumos para diagnóstico; programas comunitários de rastreio e tratamento enfrentam desmobilização; consultorias técnicas que sustentavam estratégias nacionais estão a ser suspensas. A situação é especialmente preocupante para os países altamente dependentes desse apoio, entre os quais Moçambique. Dados preliminares mostram que, nos primeiros seis meses de 2025, a notificação de novos casos de TB nos países em causa já diminuiu em relação ao mesmo período do ano anterior, o que, segundo a OMS, é um sinal preocupante de que os programas nacionais realinham suas prioridades diante da escassez de recursos.

Para Moçambique, onde a epidemia de tuberculose convive com a alta prevalência de HIV e com desafios estruturais nos sistemas de saúde, essa interrupção no financiamento representam um duro revés. As intervenções de rastreio activo, o transporte de amostras e o atendimento comunitário são citados como as áreas mais afectadas.


Segundo o Coordenador da área de Tuberculose no CISM, Alberto García-Basteiro, o país enfrenta agora o desafio de procurar fontes alternativas de financiamento para a luta contra a doença. “Precisamos investir fortemente em sinergias locais e regionais, aliando-nos a outros países africanos que também enfrentam desafios comuns, para juntos termos uma resposta coordenada a eventuais surtos e às incapacidades dos sistemas nacionais de saúde”, afirmou.


Por outro lado, o investigador e médico da área de tuberculose no CISM, Sozinho Acácio, destaca que, mais uma vez, a pesquisa é chamada a trazer soluções inovadoras, rápidas e económicas para responder a esta lacuna. “O CISM já está a empreender vários esforços que se traduzem em pesquisas, cujos resultados poderão influenciar directamente na saúde das populações. No entanto, precisamos de aliados – desde pequenas acções de sensibilização a nível familiar ou comunitário até à realização de ensaios clínicos”, destaca.


Para além das várias alternativas de diagnóstico, seguimento e tratamento que o CISM tem vindo a testar, este ano, foi iniciado, por parte da instituição, um processo de avaliação de uma nova vacina contra a tuberculose, baseada em tecnologias mais recentes, como mRNA. Está também em preparação um estudo de diagnóstico da tuberculose infantil com recurso às técnicas de ecografia (ultrassom) no local de atendimento. Paralelamente, o CISM lançou a Iniciativa da Manhiça contra a Tuberculose (MTBI – Manhiça Tuberculosis Initiative), voltada para o reforço da investigação, fortalecimento de parcerias estratégicas e o aumento do impacto institucional nesta área, bem como para a promoção de actividades de comunicação e sensibilização com o objectivo de contribuir de forma significativa para a luta global contra a tuberculose.


A edição de 2025 do relatório mundial da tuberculose baseia-se em dados recolhidos em 184 países, abrangendo mais de 99% da população mundial. Globalmente, em 2024, estima-se que 10,7 milhões de pessoas adoeceram com tuberculose (casos incidentes) e que 1,23 milhão de mortes foram registradas pela doença. Moçambique continua sob forte pressão: em 2024, o país diagnosticou pouco mais de 106.000 novos casos ou reincidências de TB – cifra que evidencia não apenas o peso persistente da doença, mas também os desafios contínuos em diagnóstico, tratamento e acesso a serviços especializados.

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